Quando era pequeno, o colombiano Omar Ferney Ancines Martinez, 31, adorava passar o tempo brincando de copiar as imagens dos seus desenhos prediletos, os Caça-Fantasmas e as Tartarugas Ninja. Mal sabia ele que ali começava uma longa estrada na arte de delinear.
Martinez conta que foi aos 14 anos, quando fez a primeira tatuagem – atitude que hoje não recomenda para seus clientes menores de idade –, que decidiu ser tatuador profissional. Ele vê a tatuagem como arte viva, “Não é só um trabalho é uma ideologia de vida”, afirma.
Reuber Mattos, 25, já perdeu as contas de quantas tatuagens tem no corpo. Por falta de espaço todas as imagens estão virando uma só. Os piercings são mais de 20, dois microdermais (que não atravessam a pele), dois implantes de teflon e a língua bifurcada. “Sempre me interessei pelo extremo”, revela.
Há quatro anos em atividade no ofício, Mattos lembra que a tatuagem mais incomum que ele fez foi um pequeno “X” no bumbum de uma cliente. “Ela disse que era para indicar onde devia tomar injeção.”
Para Mattos é essencial que toda alteração que a pessoa for fazer no corpo carregue algum valor emocional importante e que a atitude não seja influenciada por causa da moda. Assim como a última tatuagem que ele fez, o desenho de um coração mutilado. “Significa o término de um casamento. O coração sangrando, que mesmo depois de toda dilaceração, ainda pode brotar.”
Os profissionais do ramo buscam aperfeiçoar a técnica e esquivar-se do preconceito que ainda existe. Fazem workshops, exposições, cursos atendimento personalizado, troca de ideias e de dúvidas com outros artistas de outros Estados e até de outros países.
Ronaldo Sampaio, organizador e idealizador do Congresso Educativo para Perfuradores Corporais da América do Sul, marcado para dezembro em Balneário Camboriú (SC), defende a necessidade da regulamentação da profissão de tatuador e body piercer, considerando que 70% deles são carentes de conhecimentos tidos como seguros e adequados para exercerem a prática.
Ele diz que eventos como esse são importantes para disseminar as novidades técnicas e colaborar consideravelmente para os órgãos responsáveis pela saúde pública. “Quando conseguimos reunir Tatuadores e Piercers, para defender os nossos interesses e deveres, conseguimos diminuir a má impressão que gratuitamente pairavam sobre nós.”